quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Doping: o uso de ERITROPOETINA

O que é Eritropoetina??

A eritropoetina (EPO) é um hormônio glicoproteico de origem renal, que estimula determinadas “células-mãe” da medula óssea para que se diferenciem em hemácias.
Produção nos rins; atuação na medula óssea.

Atualmente está disponível em quantidades ilimitadas, pois pode ser obtida por engenharia genética. Em 1987, Eschbach e col. comunicaram a utilidade clínica de EPO recombinante humana na correção da anemia na insuficiência renal crônica (IRC). O seu uso potencial entre desportistas pode ser enorme, principalmente entre os ciclistas de elite. Em 8 de março de 1997, a UCI (União Ciclística Internacional) colocou em funcionamento controles de hematócrito na prova Paris-Nice, realizando um controle diário em vários ciclistas. Como medida preventiva para controlar o uso da EPO, considerou-se o ciclista não apto para a prática desportiva nos próximos 15 dias no caso de hematócritos maiores do que 50%.

Farmacocinética

Em seres humanos é necessária uma dose mínima de 100U por quilograma de peso corporal de EPO por via endovenosa para manter os seus níveis séricos acima dos valores basais por 24 horas; doses maiores produzem aumentos proporcionais. A administração exógena de EPO recombinante (50U por quilograma de peso corporal) três vezes por semana por via endovenosa ou subcutânea, após uma sessão de diálise, se mostrou capaz de aumentar o hematócrito em torno de 35% ou mais, em pacientes anêmicos com IRC. Com essas doses, são produzidos aumentos dose-dependentes do hematócrito, havendo uma reticulocitose mantida por pelo menos sete meses, sendo que a dose de 500U por quilograma de peso corporal é a que produz a máxima resposta.

Utilização no esporte!

A EPO está sendo utilizada por atletas e, embora a sua verdadeira incidência não seja conhecida, obviamente o seu uso está substituindo o doping sanguíneo por evitar o risco de infecção e o inconveniente do armazenamento do sangue.
Efeito sobre o desempenho. Embora se disponha de poucas informações a respeito, é razoável supor que possa ser capaz de melhorar o desempenho em alguns esportes. O seu potencial ergogênico, semelhante ao do doping sanguíneo, parece óbvio. Entre os poucos dados disponíveis, há um relato de atletas suecos que reduziram os seus tempos de forma significativa após fazer uso da EPO. Corredores de endurance com parâmetros hematológicos normais para baixos não os modificaram com a EPO e o desempenho não parece aumentar, talvez devido a um efeito no turnover das hemácias. Embora esteja incluída na lista de substâncias proibidas pelo COI, não há disponível nenhuma técnica analítica segura para detectar a sua utilização. A EPO sintética é idêntica à endógena e, desta forma, indetectável por qualquer tipo de análise, exceto pela supressão dos níveis de EPO circulantes. Obviamente, está se tentando encontrar técnicas urinárias que permitam a sua detecção, como a medição de produtos da degradação do fibrinogênio; outra forma indireta de detectar o seu uso é a determinação do hematócrito, sendo sugestivo um hematócrito superior a 50%.

Perigos: os efeitos adversos

Nos pacientes com IRC não foi observada nenhuma disfunção orgânica, nem efeitos tóxicos com a utilização da EPO. A maioria dos efeitos adversos está relacionada com um aumento da viscosidade sanguínea consequente à elevação do hematócrito (incluindo hipertensão arterial, trombose da fístula arteriovenosa, hiperpotassemia e uma síndrome pseudogripal). A combinação de um hematócrito aumentado em repouso com uma desidratação por um exercício prolongado pode ter como resultado um aumento perigoso da viscosidade sanguínea em atletas que fazem uso da EPO. O risco potencial é maior pela variação interindividual da resposta à substância e pelo estímulo mantido da medula óssea dias depois da suspensão da EPO. Como resultado, o hematócrito e a viscosidade sanguínea podem continuar aumentando depois da suspensão da substância. É provável que um nível máximo de hematócrito de 50% não possa ser considerado seguro para um atleta que utilize EPO, quando se considera os seus efeitos tardios.


Saiba mais:
Ainda indicamos a leitura desse artigo de revisão. Várias informações interessantes sobre doping sanguíneo e afins.
LAUDO PARDOS, Consuelo; PUIGDEVALL GALLEGO, Victor; RIO MAYOR, María Jesús de  and  VELASCO MARTIN, Alfonso. Archivos de Medicina del Deporte Doping sanguíneo e eritropoetina. Rev Bras Med Esporte [online]. 1999, vol.5, n.1, pp. 27-30.

sábado, 24 de setembro de 2011

Monóxido de carbono: toxicologia


 Membro da família dos asfixiantes químicos, o monóxido de carbono (CO) é um gás perigoso, incolor, inodoro, sem sabor e não irritante. Ele pode deixar uma pessoa inconsciente ou mesmo matar em poucos minutos. Ele é produzido pela combustão incompleta de matérias carbonáceas orgânicas, como o carbono, a madeira, o papel, o óleo, o gás e a gasolina.
O CO tem afinidade com a hemoglobina contida nos glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para os tecidos. A toxicidade do CO no homem se explica quando o CO entra em competição com o O2 pela hemoglobina. A ação tóxica principal do CO resulta em anóxia provocada pela conversão da oxihemoglobina em carboxihemoglobina (COHb). 


A afinidade da hemoglobina pelo CO é cerca de 200 a 250 vezes maior que a do oxigênio. A produção de carboxihemoglobina, complexo extremamente estável, além de causar um decréscimo na saturação de oxihemoglobina, causa um desvio da curva de dissociação para a esquerda, diminuindo a liberação de oxigênio aos tecidos. Além disso, a inibição competitiva com os sistemas da citocromo oxidase, principalmente a do P-450, impede o uso do oxigênio para geração de energia. O monóxido de carbono liga-se também à mioglobina, prejudicando o armazenamento de oxigênio nos músculos. 


A poluição atmosférica, o fumo passivo, a produção endógena, a exposição ocupacional, e o tabagismo agudo, são exemplos de fontes de exposição ao CO. Os locais de trabalho constituem igualmente um ambiente importante no que se refere à exposição ao CO, pois ele é um dos poluentes mais abundantes no ar e está presente em muitos locais de trabalho. A exposição ao CO é preocupante para trabalhadores das indústrias de aço e de papel da construção civil, das indústrias automotivas e das refinarias de petróleo.

Casal morreu asfixiado por monóxido de carbono em pousada
(Notícia extraída do site: www.g1.globo.com/minasgerais - 19/04/2011)

 
Um laudo conclusivo da Polícia Civil constata que o casal encontrado em uma pousada em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, morreu asfixiado por monóxido de carbono, de acordo com o chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, delegado Wagner Pinto. Segundo informou o delegado nesta terça-feira, exames toxicológicos apontaram a presença de carboxihemoglobina no sangue, na concentração de 62%, em Alessandra Paolinelli, de 22 anos, e de 68% em Gustavo Ribeiro, de 23 anos. Este elemento indica a intoxicação por monóxido de carbono, que é um gás inflamável e sem cheiro.
Ainda segundo informações do delegado Wagner Pinto, o laudo divulgado põe fim à hipótese de morte seguida por suicídio. “A partir de agora, a polícia vai prosseguir nas investigações para definir uma eventual culpa. Dependemos do laudo da engenharia legal, que vai apurar se havia algum problema na lareira ou foi se mau uso dos hóspedes”, disse o delegado. A Polícia Civil aguarda laudos da engenharia e da perícia feita no quarto, que vão constatar se a lareira do quarto em que os universitários dormiram foi construída de forma correta ou se foi usada de maneira errada pelos jovens.


Saiba Mais:
SOUZA, R.; JARDIM, C.; SALGE, J. M. e CARVALHO, C. R. R. Lesão por inalação de fumaça. J. bras. pneumol. [online]. vol.30, n.6, pp. 557-565. ISSN 1806-3713, 2004.
LACERDA, A.; LEROUX, T.; MORATA, T. Efeitos ototóxicos da exposição ao monóxido de carbono: uma revisão. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 17, n. 3, p. 403-412, set.-dez. 2005.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

DOPING SANGUÍNEO: Driblando a capacidade de oxigenação sanguínea


Segundo a definição do Comitê Olímpico Internacional (COI), entende-se por doping sanguíneo a

“técnica que consiste na administração de sangue, ou de produtos sanguíneos que contenham hemácias, a um desportista, por razões outras que não um tratamento médico justificado”

Esta infusão endovenosa de sangue em um indivíduo induz eritrocitemia e o aumento subsequente da capacidade de transporte de oxigênio do sangue. O primeiro relato científico de doping sanguíneo é de 19471 e em 1966 foram iniciados estudos para avaliar se aumentaria a capacidade aeróbica. Nos Jogos Olímpicos de 1976 em Montreal, começaram a circular relatos que sugeriam que alguns atletas utilizavam o doping sanguíneo como auxílio ergogênico e nos Jogos de 1984 vários ciclistas americanos admitiram ter utilizado esse recurso.


Qual a fisiologia desse procedimento??

A finalidade é a de aumentar a potência aeróbica máxima e o rendimento submáximo durante o exercício, por aumentar a capacidade de transporte de oxigênio até a célula muscular, pois existe uma relação direta entre a quantidade total de hemoglobina e o consumo máximo de oxigênio.
Para cada concentrado de hemácias (275ml) é possível aumentar em 100ml a capacidade sanguínea de transporte de oxigênio, sendo o potencial extra de oxigênio de meio litro por minuto.

275mL de concentrado = 100mL capacidade de transporte de O2

Imediatamente após o doping sanguíneo são produzidos ajustes fisiológicos compensatórios que preservam o efeito aeróbico. Há um fluxo de plasma do espaço intravascular para o espaço extravascular, restaurando o volume sanguíneo ao normal sem modificar o trabalho cardíaco e com um aumento da liberação total de oxigênio secundário ao aumento da concentração de hemoglobina. Além disso, acha-se que esta técnica melhora o desempenho ao atuar na termorregulação, compensando o efeito inibitório do ácido lático.
O procedimento utilizado no doping sanguíneo autólogo é o seguinte:
Entre 8 e 12 semanas antes da competição são extraídas duas unidades de sangue do atleta, são separadas as hemácias do plasma, congelando-se-as (a –80ºC), o que permite a sua conservação por um período ilimitado de tempo com perda mínima de hemácias.
Alternativamente, as hemácias podem ser refrigeradas, mas assim o tempo máximo de armazenamento é de três semanas e nesse período não se restauram os níveis prévios de hemoglobina, razão pela qual esta última técnica foi abandonada.
Para a reinfusão, as hemácias congeladas são reconstituídas com solução salina e são transfundidas em uma a duas horas. A reinfusão deve ser realizada entre um e sete dias antes da competição.



E quais são os riscos para o atleta?

A administração de sangue a um atleta aumenta a viscosidade sanguínea, podendo reduzir o trabalho cardíaco, a velocidade do fluxo sanguíneo e a concentração de oxigênio periférico, com uma menor capacidade aeróbica. Além disso, existe um maior risco de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar. Embora ainda não tenha sido determinado o hematócrito máximo que possa ser considerado seguro, a maioria dos autores concorda que valores superiores a 50% podem aumentar a possibilidade desses efeitos adversos.
As transfusões homólogas são raramente utilizadas atualmente pelo grande risco de sensibilização com repetidas transfusões. Por volta de 3% destas podem se complicar com processos imunes como febre, urticária e mais raramente reações hemolíticas graves e choque anafilático. Também podem ocorrer (em um por cento dos casos) infecções virais, como a hepatite, a infecção por citomegalovírus ou a AIDS.
As transfusões autólogas são mais seguras se são realizadas por pessoal treinado com as medidas de assepsia adequadas, devendo ser evitadas desde infecções bacterianas ou flebite até reações fatais por identificação equivocada do sangue.


Mais informações:


Artigo bem bacana sobre a dopagem sanguínea, abordando inclusive outros exemplos. Em breve vamos publicar mais informações extraídas desse artigo de revisão.
LAUDO PARDOS, Consuelo; PUIGDEVALL GALLEGO, Victor; RIO MAYOR, María Jesús de  and  VELASCO MARTIN, Alfonso. Archivos de Medicina del Deporte Doping sanguíneo e eritropoetina. Rev Bras Med Esporte [online]. 1999, vol.5, n.1, pp. 27-30.
Também, para saber mais sobre dopagem, você pode consultar o site do COI - Comitê Olímpico Internacional (em inglês IOC) ou do COB - Comitê Olímpico Brasileiro.
www.olympic.org e www.cob.org.br
Nas próximas postagens, vamos mostrar outros exemplos de doping sanguíneo, além se outras formas de dopagem.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Doping no Esporte: Os ''Limites'' do Corpo

Doping no Esporte: Os Limites do Corpo


O doping no esporte se configura pela utilização de drogas consideradas ilícitas  segundo a classificação da Agencia Mundial Antidoping e pelo COI - Comitê Olímpico Internacional. Estes dois órgãos mantém uma listagem atualizada dos medicamentos e substâncias consideradas proibidas para o consumo de atletas, e, portanto ilegais. Essas substâncias são divididas em cinco classes principais que são os anabolizantes, os diuréticos, os hormônios, os analgésicos narcóticos e os estimulantes, todos eles atuam no organismo humano fazendo com que o corpo tenha maior rendimento e produzindo mais testosterona, no entanto causam consequências e efeitos colaterais graves para os atletas. O uso de qualquer substância elencada pelo COI é caracterizado como uma infração dos códigos disciplinares e éticos e, portanto está sujeita a sanções aos  atletas, treinadores, médicos e dirigentes que porventura estejam envolvidos.
A primeira substancia criada pelo homem para melhorar sua capacidade de rendimento foi a anfetamina, desenvolvida na Alemanha no ano de 1938, marco a partir do qual inicia uma incessante busca pela superação dos limites estabelecidos pelo próprio homem, que no esporte recebem a denominação de recordes. Depois da anfetamina muitas outras substâncias desenvolvidas são usadas de forma ilícita para ampliar a potencialidade dos esportistas.
O uso de substâncias que aumentem o rendimento físico ou que pelo menos gere a crença nisto é quase tão antiga quanto o desenvolvimento das atividades físicas organizadas. Essa prática passou gradualmente a ser considerada imoral e, na esfera do esporte organizado, ilegal. Tendo sempre os Jogos Olímpicos como referência, é interessante lembrar que em suas primeiras edições modernas o doping era raro, mas não ilegal, tanto que uma das misturas dopantes mais usadas consistia em um coquetel com cocaína, cafeína e estricnina.
É possível dizer que em face das qualidades educativas historicamente tributadas ao esporte, de seu crescente valor econômico e da transformação das drogas e psicotrópicos em uma questão social controversa, o doping foi se tornando cada vez mais um problema sensível no campo do esporte. Neste sentido, são igualmente crescentes as instituições, organismos e políticas destinadas a combater o uso de determinadas substâncias e procedimentos definidas como auxílios ilegais ao desempenho humano.
A proibição do doping existe para proteger os atletas de: uma vantagem desleal que pode ser obtida pelos atletas que utilizam substâncias ou métodos proibidos para melhorar o desempenho; os possíveis efeitos colaterais prejudiciais à saúde que algumas substâncias e métodos podem produzir, além das consequências em termos éticos e de saúde que estão envolvidas com o doping, reconhecem-se as potenciais implicações legais, a distribuição de várias substâncias proibidas, se não por uma razão medicamente justificável, é contra a lei em vários países, estimular ou auxiliar atletas a utilizar tais substâncias ou métodos é antiético e, portanto, igualmente proibido.
O caso dos atletas brasileiros, citados nas reportagens abaixo, trouxe essa questão para a discussão, mas ao longo da história foram muitos os atletas que fizeram uso de drogas para melhorar seu rendimento e agilidade nas competições.
 



 Notícias

 01 de julho de 2011

César Cielo é pego em exame de doping

Ele e mais três atletas tiveram exame positivo, mas receberão apenas advertência

Cesar Cielo: 5 medalhas de ouro no Trofeu Maria Lenk 2011
Cesar Cielo: 5 medalhas de ouro no Trofeu Maria Lenk 2011  (Ide Gomes/Folhapress)

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) flagrou quatro atletas brasileiros no exame antidoping no último Troféu Maria Lenk, no Rio, em maio. Cesar Cielo, recordista mundial dos 50 m e 100 m livre, Nicholas Santos e Henrique Barbosa, do Flamengo, e Vinícius Waked, do Minas Tênis, tiveram resultado analítico adverso para a substância Furosemida, da classe S5 Diuréticos.
A confederação divulgou que por causa do histórico e por seguir o regulamento internacional eles serão punidos apenas com uma advertência. Segundo nota oficial, o Painel de Controle de Doping, dentro do espírito da legislação da Federação Internacional de Natação, notadamente na regra DC 10.4, optou por uma advertência aos quatro atletas uma vez que não foi identificada culpa ou negligência por parte dos mesmos no episódio.
Assim, “de acordo com a regra DC 9 da Federação internacional, os atletas perdem os resultados, prêmios, certificados e medalhas alcançados no Troféu Maria Lenk de Natação”.
Cielo divulgou uma nota em seu site afirmando que a substância furosemida, um diurético acusado em seu exame, pode ter sido fruto de um erro na manipulação, possivelmente uma contaminação, e que “tenha sido um fato isolado” por confiar demais em um suplemento que tomou durante toda sua carreira e nunca havia sido acusado como proibido.

http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/cesar-cileo-e-pego-em-antidoping


A farmácia que produz suplementos para o atleta assumiu a culpa por contaminação que causou doping em Cielo:
Cielo celebra vitória no Aberto de Paris: notícia do doping veio logo depois
Cielo celebra vitória no Aberto de Paris: notícia do doping veio logo depois

Farmácia assume culpa por contaminação que causou doping de Cesar Cielo

A farmácia de manipulação que produz suplementos para Cesar Cielo assumiu a culpa pelo exame positivo do campeão olímpico e mundial. A empresa mandou um relatório à Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA) avisando que causou a contaminação das cápsulas de cafeína ingeridas por Cielo e outros três nadadores.
“A farmácia nos mandou o relatório e eu entreguei em mãos e em caráter de urgência ao Ladetec, que reconheceu a contaminação e identificou a presença da furosemida e de outro diurético”, revelou ao UOL Esporte Sandra Soldan, médica da CBDA responsável pelo antidoping.
Sandra também confirmou que as amostras de urina foram testadas novamente para averiguar se o PH tinha sido alterado pela função diurética da furosemida. "Pelo PH e pela densidade, ficou provado que eles não tiveram essa intenção de mascarar outras substâncias", afirmou.
O relatório da farmácia de manipulação de Santa Bárbara D’Oeste - cidade natal de Cielo - foi decisivo para a aplicação da punição branda. 
http://esporte.uol.com.br/natacao/ultimas-noticias/2011/07/01/farmacia-assume-culpa-por-contaminacao-que-causou-doping-de-cesar-cielo.htm


30 de outubro de 2009

Daiane dos Santos é flagrada por doping

Se condenada, ginasta brasileira pode pegar suspensão de até dois anos. Segundo advogado, exame foi feito de forma irregular

Agência/O Globo

Daiane dos Santos cai no antidoping 

 

A brasileira Daiane dos Santos foi flagrada em um antidoping realizado em julho deste ano. A Federação Internacional de Ginástica (FIG) divulgou, nesta sexta-feira, que o exame da ginasta deu positivo para a substância proibida furosemida, um tipo de diurético.
O site da FIG informa que Daiane já foi notificada, e que o caso foi submetido à comissão disciplinar da entidade. A ginasta tem até o dia 13 de novembro para pedir uma audiência e dar suas explicações.
Depois desta data, a comissão da FIG vai enviar suas conclusões para a comissão presidencial da entidade, que tomará uma decisão sobre a punição da brasileira.
A furosemida é um diurético e faz parte da lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) por ser considerada um agente mascarante, ou seja, que dificulta a constatação nos exames antidoping de esteroides e outras substâncias dopantes.

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Mais_Esportes/0,,MUL1360885-16317,00-DAIANE+DOS+SANTOS+E+FLAGRADA+POR+DOPING.html


29 de janeiro de 2010

Por doping, Daiane dos Santos é suspensa por 5 meses

Daiane mostra que apontou que estava ingerindo remédio com a substância furosemida no formulário da WADA.  Leia mais. Foto: Agência Lance
Daiane mostra o formulário sobre uso de substância proibida
Foto: Agência Lance

A ginasta Daiane dos Santos foi considerada culpada da acusação de doping por furosemida. A Federação Internacional de Ginástica divulgou em seu site que a atleta ficará cinco meses afastada das competições.
Com a decisão, a brasileira ainda pode ter esperanças de ir aos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, pois a punição foi menor do que seis meses, o que tiraria as chances da atleta. 
http://esportes.terra.com.br/ginastica/noticias/0,,OI4234664-EI15500,00-Por+doping+Daiane+dos+Santos+e+suspensa+por+meses.html



Referências:
TAVARES, O. Doping: argumentos em discussão. Movimento [online, Porto Alegre, V. 8, n. 1, p. 41-55, janeiro/abril 2002.
Doping nos esportes. Rev Bras Med Esporte [online]. 1998, vol.4, n.1, pp. 28-28. ISSN 1517-8692.
SILVA, M. R. S. DOPING: CONSAGRAÇÃO OU PROFANAÇÃO. Rev. Bras. Cienc. Esporte [online], Campinas, v. 27, n. 1, p. 9-22, set. 2005.





quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Extração por Headspace e Microextração em Fase Sólida

Extração por Headspace

O headspace é uma técnica excelente e sensível, utilizada para analisar compostos em baixas concentrações. Nesta técnica, na qual o analito é, necessariamente, mais volátil que a matriz, este volatiliza preferencialmente, podendo ser determinado sem os interferentes dos outros componentes da amostra, através da análise do vapor desprendido do analito.
A principal característica do headspace é a possibilidade da determinação de componentes voláteis da amostra a ser estudada de forma direta. Além disso, o headspace torna-se insubstituível e muito eficiente, pois possibilita a introdução da amostra sem pré-tratamento no cromatógrafo a gás. Isto torna-se mais crítico principalmente devido a baixa detectabililidade dos detectores cromatográficos e a indesejável contaminação da coluna por resíduos não-voláteis.
Um dos alvos mais importantes da indústria moderna de alimentos é satisfazer as demandas do consumidor pela oferta de produtos diversificados e de alta qualidade. Este alvo seria inatingível sem o uso de embalagens. Com relação a seus aspectos técnicos, a embalagem deve conter, preservar e proteger o produto. Apesar da tão bem aceita conveniência oferecida pelos sistemas de embalagem plástica, muitas discussões têm emergido devido às questões de segurança alimentar. Atualmente, há disponível no mercado mais de 30 diferentes tipos de plásticos, sendo que, diferentes tipos de aditivos são incorporados no processo de transformação destes plásticos, proporcionando melhor desempenho no processamento e nas características finais das embalagens. Assim torna-se bastante claro que embalagens plásticas não são inertes, já que todas estas substâncias se encontram dispersas na matriz polimérica que entrará em contato direto com os alimentos e podem se tornar contaminantes se transferidas aos produtos acondicionados por processos conhecidos por migração. O termo migração geralmente é descrito como um processo de difusão, que pode ser fortemente influenciado pelas interações entre componentes do alimento e o material de embalagem.
Técnicas mais recentes para extração de voláteis de materiais de embalagem empregam um sistema fechado aquecido, onde uma alíquota do vapor presente no sistema é removida e introduzida em um cromatógrafo a gás. Esta técnica é conhecida por análise do headspace. As variações mais conhecidas desta técnica incluem o método do headspace estático e o método do headspace dinâmico (purge-and-trap). No modo estático, a amostra é armazenada e selada em um frasco hermético e os analitos voláteis são coletados no headspace do frasco após equilíbrio de volatilização. No modo dinâmico, um fluxo de gás inerte é borbulhado na amostra e os analitos voláteis são transferidos para um trap (armadilha) de coleta. O trap é aquecido e os voláteis são dessorvidos ou liberados e, posteriormente, transferidos para o cromatógrafo a gás. Tanto técnicas de headspace estático como headspace dinâmico têm sido usadas para transferência de componentes voláteis de matrizes para a fase gasosa. Para estas técnicas, a recuperação dos compostos voláteis depende de fatores tais como a temperatura de dessorção dos analitos e da temperatura de amostragem.

Microextração em fase sólida (SPME)

SPME é uma microtécnica, em que os processos de extração e pré concentração de analitos ocorrem numa escala dimensional. A SPME tem aplicações em áreas como análise ambiental e de solos, água, alimentos, produtos naturais e farmacêuticos, análise clínica e forense. 
O dispositivo básico de SPME consiste de um bastão de fibra ótica, de sílica fundida (FS) de 100 mm de diâmetro, com 10 mm de uma extremidade recoberto com um filme fino de um polímero (polidimetilsiloxano = PDMS, poliacrilato = PA ou Carbowax = Cwx) ou de um sólido adsorvente (carvão ativo microparticulado = Carboxen). A Figura abaixo representa uma fibra comercial em que o recobrimento, ou filme extrator, tem espessura de 100 mm.


Figura 1: Dispositivo da fibra de SPME: (A) Posição com a fibra retraída na agulha (tubo hipodérmico de diâmetro externo 0,56 mm), (B) posição com a fibra exposta. No detalhe são mostradas as dimensões típicas da seção com recobrimento de 100 mm de espessura.


A extração ocorre mergulhando-se a seção recoberta na amostra. Com a fibra retraída na agulha, o septo do frasco de amostra é perfurado e a fibra é exposta à amostra. Terminado o tempo de extração a fibra é novamente retraída, a agulha é retirada do septo e levada para inserção no CG. Com a fibra retraída o septo do injetor é perfurado, a fibra é exposta para dessorção térmica e, terminada a dessorção, é retraída e a agulha retirada.

 
Figura 2: Uso do amostrador de SPME para o processo de extração e o de dessorção do material extraído para análise por CG.



Bibliografia

GOBATO, E. A. A. F.; LANÇAS, M.F. Comparação entre injeção na coluna ("on-column") e headspace dinâmico na determinação de benzeno, tolueno e xilenos (BTX) em amostras de água. Quím. Nova vol.24 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010040422001000200004&script=sci_arttext. Acesso em: 24 de agosto de 2011.

VALENTE, P.L.A.; AUGUSTO, F. Microextração por fase sólida. Química nova, 23(4) (2000). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v23n4/2653.pdf. Acesso em: 24 de agosto de 2011.

FREIRE, A.T.M.; BOTTOLI, G.B.C.; REYES, G.F. Contaminantes voláteis provenientes de embalagens plásticas: desenvolvimento e validação de métodos analíticos. Quím. Nova vol.31 no.6 São Paulo  2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010040422008000600043&script=sci_arttext. Acesso em: 24 de agosto de 2011.